Divergências teóricas e a construção do diálogo: Uma análise psicanalítica sob a perspectiva de Freud e Lacan
Autor: Márcio Costa - Psicanalista Clinico
Introdução
O encontro entre supervisor e supervisionado em um ambiente psicanalítico é essencial para o desenvolvimento profissional e a construção do conhecimento. No entanto, é comum que surjam divergências teóricas entre os dois, especialmente quando se tratam de abordagens terapêuticas diferentes. Neste texto, estudaremos como essas divergências podem ser abordadas e como o diálogo entre supervisor e supervisionado pode ser construído, utilizando as referências de Freud e Lacan para enriquecer a discussão.
O início da Supervisão Psicanalítica é marcado por um clima de abertura e reflexão. O supervisor, com base em sua experiência e conhecimento teórico, recebe o supervisionado para iniciar uma troca de conhecimentos que facilitará a criação de um aprendizado mútuo. É comum que o supervisor identifique divergência teórica entre sua abordagem psicanalítica e a do supervisionado. Nesse cenário, o supervisionado pode relatar está utilizando outras formas de terapia que vão contra os princípios fundamentais da psicanálise, como abordagens cognitivo-comportamentais ou terapias humanistas. Nesse movimento acaba por surgir uma discussão sobre a forma de abordagem psicanalítica. Ao identificar a divergência teórica, o supervisor busca iniciar uma discussão aberta e construtiva com o supervisionado. Ele pode questionar as razões por trás da escolha do supervisionado, perguntar por que ele optou por outras formas de terapia, incentivando-o a refletir sobre suas práticas e crenças.
Supervisor deve
abrir espaço para o supervisionado expressar suas razões, nesse momento, o
supervisionado tem a oportunidade de expressar suas razões, do porque escolheu uma
abordagem terapêutica diferente da psicanálise. Ele pode destacar a eficácia percebida
dessas outras formas de terapia, sua afinidade com certos conceitos ou sua
insatisfação com aspectos específicos da psicanálise. O Supervisor a partir da
expressão das razões do supervisionado, passa a explorar junto as razões por
trás das escolhas teóricas e conduzir o supervisionado a retornar a linha
freudiana, utilizando referências de Freud e até de Lacan, desde que aquelas
que ainda estejam dentro do conceito freudiano. Eles analisam as diferenças
fundamentais entre a psicanálise e outras abordagens terapêuticas e buscam
compreender as motivações e as implicações dessas escolhas. Com base na
exploração conjunta, supervisor e supervisionado colaboram para construir um
diálogo construtivo e enriquecedor. Eles buscam pontos de convergência entre
suas abordagens, identificam oportunidades de aprendizado mútuo e discutem
estratégias para integrar elementos das diferentes abordagens terapêuticas.
Ao concluir a sessão, supervisor e supervisionado discutem,
destacando os pontos de acordo e as áreas de discordância. Eles encerram a
sessão com um sentimento de progresso e aprendizado mútuo, comprometidos em
continuar explorando e construindo seu diálogo no futuro.
A supervisão psicanalítica é um espaço privilegiado para a construção do diálogo entre supervisor e supervisionado, mesmo diante de divergências teóricas. Ao utilizar referências de Freud e Lacan, é possível enriquecer a discussão e promover um entendimento mais profundo das diferentes abordagens terapêuticas. O diálogo construtivo entre supervisor e supervisionado não apenas fortalece a prática clínica, mas também contribui para o desenvolvimento pessoal e profissional de ambos os envolvidos.
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