Autismo e ABA: O que são reforçadores e para que servem

O que são reforçadores e para que servem?

Márcio Costa

Psicanalista e Analista do Comportamento



Reforçadores são como as engrenagens invisíveis
que impulsionam nossos comportamentos, moldando nossas ações e influenciando nossas escolhas. Esses elementos, muitas vezes sutis, têm um poder incrível sobre nós, especialmente quando se trata de indivíduos com Transtorno do Espectro Autista (TEA).

O TEA, um distúrbio complexo do neurodesenvolvimento, apresenta-se com características marcantes, incluindo dificuldades persistentes na comunicação social e padrões de comportamento repetitivos e restritos. Estes últimos podem ser especialmente desafiadores, limitando não apenas a diversidade de interesses da pessoa, mas também suas oportunidades de aprendizagem e interação social (American Psychiatric Association, 2013).

A falta de variedade nos interesses de uma criança com TEA pode resultar em uma escassez de reforçadores, tornando a intervenção terapêutica mais desafiadora e demorada. Sem uma ampla gama de estímulos reforçadores para motivar a criança, o progresso pode ser lento e difícil de alcançar (Leaf et al., 2012; Michael, 2000 citado por De Novais & Brasileiro, 2020).

Os reforçadores positivos, aqueles que envolvem a adição de uma consequência agradável, e os reforçadores negativos, que envolvem a remoção ou evitação de estímulos aversivos, desempenham papéis importantes no manejo do comportamento em indivíduos com TEA. Seja através de elogios, brinquedos preferidos, ou a remoção de estímulos irritantes, esses reforçadores podem moldar o comportamento de maneira significativa.

Além dos reforçadores primários, como comida, água e afeto físico, existem os reforçadores secundários, que incluem uma variedade de estímulos tangíveis, comestíveis, sociais e físicos. Esses reforçadores, embora possam não ter um valor intrínseco, podem ser condicionados para adquirir poder reforçador através de associações repetidas com reforçadores primários ou outros reforçadores condicionados.

Os reforçadores condicionados, sejam eles simples ou generalizados, desempenham um papel crucial na modificação do comportamento, oferecendo oportunidades para aprendizado e crescimento. A eficácia desses reforçadores depende de uma série de fatores, incluindo sua associação com reforçadores primários, o atraso na entrega do reforço, a magnitude do reforçador primário e o número de pareamentos realizados (Skinner, 2003; Tomanari, 2000; Wyckoff, 1969; Catania, 1999 citados por De Novais & Brasileiro, 2020).

Para profissionais que trabalham com indivíduos com TEA, compreender a natureza e o poder dos reforçadores é essencial para o desenvolvimento de estratégias terapêuticas eficazes. Cursos e treinamentos, como os oferecidos pela Neuropsicopedagoga Clínica e Mestre em Educação Renata Bringel, podem fornecer insights valiosos e ferramentas práticas para ajudar a melhorar a qualidade de vida desses indivíduos.

À medida que continuamos a explorar e entender os complexos mecanismos do comportamento humano, a importância dos reforçadores na moldagem de nossas experiências e interações nunca deve ser subestimada. Eles são as peças-chave que impulsionam nosso mundo, moldando nossas jornadas e influenciando nosso crescimento.

Referências:


American Psychiatric Association. (2013). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (5ª ed.). Porto Alegre: Artmed.

Catania, A. C. (1999). Learning (5th ed.). Upper Saddle River, NJ: Prentice Hall.

De Novais, B. A., & Brasileiro, M. (2020). Procedimentos para condicionar reforçadores para pessoas com TEA: revisão de literatura. *Perspectivas em Análise do Comportamento, 11*(2), 240-257.

Skinner, B. F. (2003). Science and Human Behavior. Simon and Schuster.

Tomanari, G. Y. (2000). B.F. Skinner: da Psicologia à Análise do Comportamento. Editora Livraria da Física.

Wyckoff, L. B. (1969). Autonomic responses as reinforcers for operant behavior. *Bulletin of the Psychonomic Society, 7*(2), 93-94.


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