O Desenvolvimento da Teoria do Complexo de Édipo e suas Implicações no Volume 11 de Sigmund Freud
Autor: Márcio Gomes da Costa, Psicanalista, Analista do Comportamento Aplicada e Psicopedagogo
Palavras-chave: Complexo de Édipo, sexualidade infantil, desenvolvimento psíquico, Freud, repressão.
Este artigo explora as contribuições desse volume para a compreensão do Complexo de Édipo e como essa teoria se relaciona com a repressão, o desenvolvimento psíquico e a formação das neuroses.
Desenvolvimento
Freud inicia o Volume 11 descrevendo o Complexo de Édipo, que se refere ao conjunto de desejos inconscientes que a criança desenvolve em relação aos pais durante a fase fálica do desenvolvimento psicossexual. Freud sugere que, por volta dos três a seis anos de idade, a criança começa a experimentar sentimentos de amor e desejo pelo progenitor do sexo oposto, ao mesmo tempo em que desenvolve sentimentos de rivalidade e agressão em relação ao progenitor do mesmo sexo. Este conflito é denominado complexo de Édipo, em referência ao personagem mitológico que matou seu pai e se casou com sua mãe.
Freud argumenta que a resolução do Complexo de Édipo é um processo fundamental para o desenvolvimento psíquico. Durante este processo, a criança deve aprender a renunciar aos desejos sexuais e agressivos em relação aos pais e a internalizar as normas e valores da sociedade, que são transmitidos pelos pais. A incapacidade de resolver adequadamente o Complexo de Édipo pode resultar em repressão desses desejos, o que pode levar ao desenvolvimento de neuroses na vida adulta.
Um dos temas centrais deste volume é o papel da repressão na resolução do Complexo de Édipo. Freud sugere que, à medida que a criança experimenta seus desejos edipianos, o ego desenvolve mecanismos de defesa para lidar com esses desejos inaceitáveis. A repressão, nesse sentido, é a forma pela qual o ego suprime os desejos sexuais e agressivos, empurrando-os para o inconsciente. No entanto, essa repressão não elimina completamente os desejos, e eles continuam a influenciar o comportamento de maneiras indiretas.
Freud também discute o papel do pai no Complexo de Édipo, sugerindo que a figura paterna é tanto um objeto de rivalidade quanto uma fonte de autoridade. A criança deve aprender a renunciar à rivalidade com o pai e, em vez disso, identificá-lo como um modelo de autoridade e moralidade. Esta identificação com o pai é um passo crucial no desenvolvimento do superego, que representa as normas e valores internalizados da sociedade. Freud sugere que a internalização da autoridade paterna é essencial para o desenvolvimento da moralidade e da capacidade de autocontrole.
Outro aspecto importante discutido no Volume 11 é o complexo de castração, que Freud descreve como o medo inconsciente de punição pela expressão dos desejos edipianos. Esse medo de castração, segundo Freud, é uma defesa que ajuda a criança a reprimir seus impulsos sexuais e agressivos e a redirecioná-los para outras atividades mais aceitáveis. O complexo de castração também desempenha um papel importante no desenvolvimento do superego e na internalização de normas sociais.
O Volume 11 também explora as implicações clínicas da teoria do Complexo de Édipo. Freud sugere que muitos sintomas neuróticos que ele observou em seus pacientes adultos tinham suas raízes em conflitos não resolvidos do Complexo de Édipo. Ao reprimir seus desejos edipianos, esses pacientes desenvolveram uma variedade de sintomas, como fobias, obsessões e distúrbios de ansiedade. Através da análise psicanalítica, Freud ajudou esses pacientes a acessar seus desejos reprimidos e a confrontar os conflitos subjacentes que estavam na base de seus sintomas.
Freud também utiliza uma série de casos clínicos neste volume para ilustrar como o Complexo de Édipo se manifesta em diferentes formas de neurose. Ele descreve casos em que os pacientes desenvolveram fobias ou sintomas obsessivos como resultado de uma repressão malsucedida de seus desejos edipianos. A análise desses casos ajudou Freud a refinar sua compreensão do papel do Complexo de Édipo na formação das neuroses e no desenvolvimento psíquico.
Outro conceito central abordado no Volume 11 é o papel da identificação no Complexo de Édipo. Freud sugere que, ao renunciar aos desejos edipianos, a criança se identifica com o progenitor do mesmo sexo e internaliza suas normas e valores. Essa identificação é um passo crucial no desenvolvimento do superego, que serve como a voz da consciência e regula o comportamento do indivíduo. Freud argumenta que, se a identificação com os pais for malsucedida ou incompleta, o desenvolvimento psíquico pode ser prejudicado.
Este volume é indispensável para profissionais e estudantes de psicanálise, pois fornece uma base teórica sólida para a compreensão da sexualidade infantil, da repressão e do desenvolvimento da personalidade. Ao reler este volume, podemos apreciar a profundidade das contribuições de Freud para a psicologia moderna e a prática clínica.
Referência
FREUD, Sigmund. Volume 11. Obras Completas.

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